Gorda: a irmã do Bento

enter site Shell teve quatro filhotes e sobreviveram 3 meninas. Os meus argumentos são: eu estava sensível (grávida), não sabia o trabalho que um bebê me daria, estava envolvida com as minhas netas (nasceram e ficaram os primeiros meses na minha casa) e comi merda. Fiquei com a Gorda, a maior, mais levada e mais faminta de todas as minhas cachorras. Ela é carinhosa e me arranca umas boas gargalhadas, assim como belos palavrões. Por um período, as frases mais repetidas da casa eram “Sai, Gorda”, “Não, Gorda” e “Pqp, Gorda”. O resto eram variações dessas três. A bicha já mastigou lâmpada, comeu carvão e, além de destruir qualquer, digo qualquer coisa de plástico, seu material favorito, mija na própria cama. Como aqui a cama é comunitária, dormem as 3 e o gato, gorda força a família a dormir no gelado enquanto ela se aquece com seu excremento. Quando era mais nova, tinha mania de vir correndo e dar uma trombada seguida de um rolamento nas outras, fazia isso nas minhas pernas também. Uma vez, Pucca estava na beira do chafariz da General Osório. Olhei pra Gorda e pensei: Imagina se a Gorda dá uma trombada e joga a Pucca no chafariz? Pensado e feito. Não deu 5 segundos e pow! Gorda mandou a Pucca nadar. Eu não sabia se ria da Gorda ou ficava com pena da Pucca encharcada. Ela definitivamente não é fácil e eu definitivamente não devia tê-la. Quem mandou ter o coração mole e achar que pode tudo? Quando ela tinha uns 4 meses ofertaram uma grana (boa) para leva-la e eu não quis, não consegui. Depois dela, me prometi que só adoto animais e nunca mais coloco minhas cachorras para cruzarem. Me despedir das filhotes foi mais doloroso do que qualquer término de namoro que passei (e olha que sempre acho que vou morrer quando termino namoro). Eu sabia que ela me apertaria de grana e, pra calar esse tipo de pensamento, eu usava aquela frase mentirosa: onde cabem 3, cabem 4. Caô. Não cabem. Você sabe que não cabem.